As abelhas são essenciais para o equilíbrio ambiental e a preservação da biodiversidade, já que têm papel central na polinização das plantas. Neste mês, comemoramos duas datas importantes que destacam seu valor: o Dia Mundial das Abelhas (20 de maio) e o Dia do Apicultor (22 de maio), reconhecendo tanto a importância desses insetos quanto o trabalho de quem se dedica ao seu manejo e conservação. 44432k
Com a chegada do inverno, as baixas temperaturas exigem atenção redobrada dos apicultores para garantir a sobrevivência das abelhas e a continuidade da produção de mel. Dias mais curtos, alta umidade e a escassez de flores tornam a coleta de alimento mais difícil. “A redução na floração compromete a saúde e a atividade das abelhas nesse período”, destaca o extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Sanderlei Pereira. Ele lembra ainda que, apesar das dificuldades serem parecidas para abelhas com e sem ferrão, o manejo adequado varia entre elas.
Cuidados com abelhas com ferrão
Durante o inverno, abelhas com ferrão enfrentam desafios específicos que exigem manejos apropriados. Um dos cuidados principais é o uso de sarrafinhos de madeira ou redutores de alvado, que ajudam a manter a colmeia aquecida. “Esses dispositivos reduzem a entrada de vento, frio e também de inimigos naturais, como formigas ou abelhas invasoras”, explica Pereira.
O redutor de alvado deve ser ajustado conforme o tamanho da colônia. Além disso, o uso de tampas ou chapas de Eucatex sobre o ninho contribui para manter a temperatura interna. Outro ponto crucial é evitar a umidade dentro das caixas, o que pode causar resfriamento e facilitar o surgimento de fungos. É fundamental garantir que as colmeias estejam bem vedadas e protegidas da chuva.
Em regiões mais frias, como os Campos de Cima da Serra e a Campanha, recomenda-se o uso do “poncho” — uma cobertura plástica que envolve os favos e ajuda a reter o calor, favorecendo a postura da rainha.
Quando as reservas de alimento estão baixas, é possível suplementar a dieta das abelhas com açúcar cristal ou pasta proteica. O açúcar é indicado quando há bom estoque de pólen, enquanto a pasta proteica é usada quando o pólen está em falta.
Manejo das abelhas sem ferrão
No caso das abelhas nativas, ou sem ferrão, os meliponicultores devem adotar estratégias específicas para enfrentar o inverno. Avaliar o estado do enxame é o primeiro o.
Manter a temperatura estável dentro da colmeia é essencial para evitar a morte do ninho. “É importante reforçar a estrutura com lona plástica ou tecido, protegendo as paredes da colmeia contra o frio”, orienta o extensionista.
Se o enxame estiver saudável, com boas reservas de mel e pólen, e apresentar uma população forte, pode não ser necessário fornecer alimento suplementar. Porém, no caso de enxames recém-coletados da natureza, como as iscas de abelhas Jataí — muito comuns no Rio Grande do Sul —, é preciso transferi-los para caixas maiores e iniciar a alimentação artificial.
Segundo Pereira, uma prática eficaz para a espécie Jataí é aplicar uma ou duas colheres de mel diretamente sobre a cera da colmeia, semanalmente, para reforçar a alimentação sem risco de afogamento.
Já espécies como Mandaçaia e Guaraipo podem ser alimentadas com mel diluído em água, oferecido em garrafas PET com palitos, garantindo que as abelhas não se afoguem. O acompanhamento frequente de cada enxame e espécie é fundamental para assegurar sua sobrevivência durante os meses frios.
Apesar das adversidades do inverno, com manejo adequado e atenção às necessidades de cada colmeia, é possível manter as abelhas saudáveis e ativas, garantindo seu papel essencial na polinização.
Foto: Gladimir Ramos de Souza, extensionista da Emater/RS-Ascar
