Pesquisadores do Laboratório de Fitopatologia da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Erechim detectaram urédias de ferrugem-asiática em análises de plantas de soja voluntária no norte do Rio Grande do Sul. A professora Paola Mendes Milanesi, do curso de Agronomia, expressa sua preocupação com a situação, já que a semeadura da soja ainda não começou na região do Alto Uruguai, e a doença já está presente. 3x5q42
A descoberta foi relatada ao Consórcio Antiferrugem, por meio do site idealizado pelo Laboratório de Epidemiologia de Plantas da UFRGS e pelo Grupo de Pesquisa Mosaico da UPF. A coordenação do Consórcio Antiferrugem é de responsabilidade da equipe da Embrapa Soja.
A professora da UFFS acredita que a presença da ferrugem asiática antes do plantio se deve a vários fatores, incluindo a presença de plantas voluntárias (conhecidas como soja guaxa ou tiguera) nas lavouras, o cultivo de soja safrinha (semeada após a colheita da safra principal) e o plantio de soja em outras regiões do Brasil e países vizinhos, como Bolívia e Paraguai.
A ferrugem asiática é causada por um fungo chamado Phakopsora pachyrhizi, que pode infectar mais de 150 espécies vegetais e sobrevive apenas em tecido vegetal vivo. A presença de plantas guaxas após a colheita e as condições climáticas favoráveis, como um mínimo de 6 horas de folhas molhadas e temperaturas entre 20 e 28 graus, favorecem a ocorrência da doença.
Para proteger os produtores, a pesquisadora recomenda antecipar a semeadura da safra, preferencialmente realizando-a entre metade de outubro e a primeira quinzena de novembro, e optar por cultivares de ciclo mais curto para reduzir o tempo de exposição da cultura à doença. Ela também enfatiza que medidas adicionais, como o uso de cultivares resistentes à ferrugem asiática combinadas com controle químico, são necessárias para um manejo eficaz.
Paola destaca que no Rio Grande do Sul está em vigor desde 2022 a Portaria SDA Nº 516, que define o vazio sanitário para a cultura da soja, proibindo o cultivo de soja entre 3 de julho e 30 de setembro.
A pesquisadora alerta sobre a importância do monitoramento da doença, o uso de fungicidas eficientes e a aplicação de fungicidas microbiológicos para o controle da ferrugem asiática. Ela enfatiza a necessidade de aplicação estratificada e o cuidado com a qualidade dos produtos utilizados.
Por fim, Paola aconselha que, em caso de dúvida, os produtores consultem um engenheiro agrônomo e lembra que o Laboratório de Fitopatologia da UFFS - Campus Erechim está disponível para ajudar na diagnose de doenças de plantas na comunidade regional.